segunda-feira, 26 de dezembro de 2011






Qualquer um que entrasse naquele quarto sentiria a dor quase na mesma intensidade que ela sentia. Seus olhos nunca estiveram tão vermelhos, suas mãos nunca tremeram tanto; ela podia sentir e ouvir cada batida acelerada e descompassada de seu coração destruído.

Sem se dar conta, seu corpo se contorcia pela cama, e seu rímel preto já borrava os lençóis brancos. Mas acho que á essa altura, isso já nem era relevante.
O celular tocava insistentemente; mais uma ligação de Harry.
Após três ou quatro toques, ela atendeu.
"Lu?" – ele disse do outro lado da linha, já íntimo o bastante para chamá-la de "Lu".
"Agora não é uma boa hora" – ela respondeu, com aquela voz grogue de quem tomou aqueles 13 comprimidos para dor de cabeça; sem nenhuma dor de cabeça. E antes que ele começasse a falar, desligou o telefone.
Naquele momento, ela não se importou com o que Harry poderia pensar.
Talvez ele estivesse simplesmente preocupado com ela, e talvez esse "desligarotelefonenacara" tenha sido a certeza que ela não o amava mais.
Mas aquilo não era muito importante naquela hora.
Nada era muito importante naquela hora.
Seus pensamentos não conseguiam se organizar, as lágrimas não paravam de cair e as palavras simplesmente não pareciam mais se encaixar.
Sua respiração cada vez mais ofegante, aquele sentimento nostálgico transparecendo todo o veneno dentro dela. O veneno mais lento. A bebida mais amarga. As linhas mais tortas; a mente tornando-se o pior lugar.
Doía tanto, que talvez fosse hora dela partir.
Mas todo mundo sabe que o Show business é feito de lágrimas.
E o show sempre deve continuar.







créditos a minha amiga Renata

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